Pobreza menstrual
Falta de acesso a produtos menstruais seguros, saneamento adequado, instalações para higiene e educação sobre saúde menstrual, devido a fatores socioeconômicos, afetando a dignidade e educação de pessoas que menstruam.
Definição
Pobreza menstrual é a condição na qual indivíduos que menstruam não possuem acesso adequado a produtos de higiene menstrual, como absorventes, coletores ou calcinhas reutilizáveis, bem como a instalações sanitárias seguras e privadas, água e sabão. Esta carência é frequentemente agravada pela falta de informação e educação sobre o ciclo menstrual e a saúde reprodutiva. A pobreza menstrual não se restringe apenas à ausência de produtos, mas abrange um conjunto de privações que afetam a dignidade, a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas globalmente. Essa condição é um reflexo de desigualdades sociais e econômicas mais amplas, onde a menstruação, um processo biológico natural, torna-se um fator de exclusão e vulnerabilidade. A falta de recursos financeiros para adquirir produtos básicos, somada à inexistência de infraestrutura sanitária em escolas, locais de trabalho e residências, cria barreiras significativas para a participação plena na sociedade.
Como funciona
A pobreza menstrual opera através de um ciclo de privações. A impossibilidade de adquirir produtos menstruais leva ao uso de alternativas inseguras e insalubres, como panos velhos, papel higiênico ou jornais, que podem causar infecções e outros problemas de saúde. A ausência de banheiros adequados e privados, especialmente em ambientes escolares e de trabalho, força as pessoas a faltarem a essas atividades, comprometendo sua educação e oportunidades de emprego. Além disso, a falta de educação sobre o ciclo menstrual e a saúde íntima contribui para o estigma e a desinformação, perpetuando tabus e dificultando a busca por ajuda ou informações corretas. Este cenário impacta desproporcionalmente mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade social, que já enfrentam outras formas de discriminação e exclusão.
Exemplos
- Uma adolescente que falta à escola vários dias por mês porque não tem absorventes e teme vazamentos ou constrangimento.
- Mulheres em situação de rua que utilizam pedaços de papelão ou roupas velhas para conter o fluxo menstrual, aumentando o risco de infecções.
- Pessoas em comunidades rurais ou periféricas sem acesso a água encanada e saneamento básico, dificultando a higiene menstrual adequada.
Quem é afetado
A pobreza menstrual afeta principalmente mulheres, meninas, homens trans e pessoas não-binárias que menstruam, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Isso inclui indivíduos de baixa renda, em situação de rua, refugiados, detentos, e aqueles que vivem em áreas com infraestrutura sanitária precária. A interseccionalidade de gênero, raça e classe social agrava ainda mais essa condição, tornando certas populações mais suscetíveis aos seus impactos.
Por que é invisível
A pobreza menstrual é invisível devido ao tabu e ao estigma que cercam a menstruação. A discussão sobre o tema é frequentemente evitada em espaços públicos e privados, levando à falta de reconhecimento do problema como uma questão de saúde pública e direitos humanos. A vergonha e o silêncio impostos às pessoas que menstruam contribuem para que suas necessidades não sejam expressas ou atendidas, perpetuando a invisibilidade da questão e a ausência de políticas públicas eficazes.
Efeitos
Os efeitos da pobreza menstrual são amplos e devastadores. Na saúde, pode levar a infecções do trato urinário e reprodutivo, dermatites e outras complicações graves devido ao uso de materiais inadequados. No âmbito educacional, resulta em absenteísmo escolar, queda no desempenho acadêmico e aumento da evasão, comprometendo o futuro educacional e profissional.
Autores brasileiros
- Manoela Miklos
Autores estrangeiros
- Langer e Weiss
